Editorial
Expectativa de mais
Mal havia pisado ontem na Assembleia Legislativa para ser empossado em seu segundo mandato consecutivo como chefe do Executivo do Estado, um feito inédito no Rio Grande do Sul em tempos democráticos, e o governador Eduardo Leite já demonstrava ter clareza do que o espera. Ao ser questionado por repórteres sobre o momento, agradeceu por ter recebido um voto de esperança da população gaúcha em suas propostas. Mas também destacou: “É um voto de confiança a partir dos resultados que apresentamos e de que podemos fazer ainda mais. Esperamos estar à altura da sociedade gaúcha”.
Certamente não se trata apenas de discurso bem ensaiado. Afinal, se há quatro anos Leite assumia com ares de novidade, tendo como referência para os cidadãos gaúchos somente sua gestão na Prefeitura de Pelotas e como parâmetro comparativo o seu antecessor no Palácio Piratini, José Ivo Sartori (MDB), cuja gestão ficou marcada na memória da população pelo parcelamento de salários do funcionalismo, atrasos em repasses a municípios e hospitais na área da saúde e pouquíssimos investimentos em infraestrutura, agora o tucano vive outro momento.
Com contas equilibradas, salários em dia e importantes obras iniciadas, Leite tem agora a tarefa de resolver problemas graves. Dentre eles a situação precária da educação pública gaúcha, que já foi referência nacional e nas últimas décadas se notabiliza por escolas sucateadas, inseguras e ultrapassadas. Além disso, há a questão da formação, atualização e valorização dos professores, peças-chaves dessa engrenagem essencial para o futuro do Estado. Some-se a isso o fato de que resta a desconfiança de parte dos cidadãos com relação à prioridade do seu governador, se é dar conta dos desafios do Rio Grande do Sul durante todo o mandato ou estabelecer foco novamente em disputar o Planalto, dada a aspiração pessoal que o fez deixar o governo em 2022 nas mãos de seu vice.
Por falar em Planalto, há ponto convergente entre o que vive Leite e o que também passa a ter como missão Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tal qual o tucano gaúcho, o petista inicia novo governo do País não como novidade, como em 2003. Longe disso. Lula recebeu, possivelmente, o maior voto de esperança dado um presidente. Seja por tudo que a sociedade brasileira foi obrigada a enfrentar nos últimos anos com Jair Bolsonaro, seja pelo histórico com manchas deixado pelo período final de gestões petistas. Agora, a obrigação é atender as necessidades do povo ao mesmo tempo em que dissolve desconfianças. Erros não serão tolerados.
O povo gaúcho e brasileiro tem muitas expectativas. Aguarda – e cobrará – do governador e do presidente resultados ágeis e efetivos. Muito tempo já foi perdido.
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